O Curta o Gênero já nasceu em 2012 com uma ideia nítida de que produção e difusão/incidência teórico-política e artístico-cultural são campos que, se didaticamente podem ser separados, na prática não o são e, como era de se esperar, nosso foco era quase exclusivamente as questões de gênero e sexualidades.
Ao longo desta década, cada vez mais passou a interessar ao Curta o Gênero os feminismos latino-americanos, com especial atenção aos designados como decoloniais, as perspectivas materialistas histórico-dialéticas e outras perspectivas que efetivamente não se coadunassem, nem fizessem concessões à lógica neoliberal ou colonial/racista.
Estamos convictos de que não será um homem que “salvará a Pátria”, nem um grupo ou população específica que revolucionará o mundo, que o Curta o Gênero é um, dentre outros espaços, a promover diálogo, trabalho coletivo, pensamento e produção crítica, mas também sensível e propositiva e que “pra banir do mundo a opressão, vamos precisar de todo mundo”.
Todas as dez ações do Curta o Gênero, a saber, são tocadas de algum modo pelo tema “Desafios feministas e de outros campos contra hegemônicos frente aos cenários sociopolíticos latino-americanos e globais atuais”:
A X Mostra Internacional Audiovisual Curta o Gênero, a X Exposição Fotográfica Contrastes – gênero, tempos, lugares, olhares, a V Exposição de Ilustrações Expressões de Gênero, o VII Gênero em Cena, o IV Colorindo o Gênero, o V Flash Tattoo, a IX Feira de Economia Solidária, Agroecológica e de Livros, o II Som das Cores, os Lançamentos de Livros do Curta o Gênero e, especialmente, o X Seminário Internacional Gênero, Cultura e Mudança.
Sabemos que esse ano de 2022 é decisivo para iniciarmos um processo de superação do fascismo que se instalou e se fortaleceu no Brasil desde 2019 com o atual presidente e que teve como um dos campos preferenciais de ataque o campo da Cultura.
Mas se neste ano é imperioso derrotá-lo, não menos imperioso é desde já e pelos próximos quatro anos, organismos e movimentos críticos, autônomos e não cooptados pela nova esfera governamental se revistam da radicalidade necessária para impedirmos a reedição de erros do nosso passado recente e a para a conquista das mudanças que demandamos, seja na cultura, nas questões de gênero, sexo, raça, de defesa dos povos originário, da natureza, dentre outras, seja no campo das políticas econômicas, tributárias, trabalhistas e previdenciárias.
Nenhum governo, nenhuma política pública, jamais será tão radical e ampla e profunda quanto a realidade exige. Essa radicalidade sempre caberá a nós.
Assim convidamos carinhosamente todas, todos e todes a se somarem conosco do X Curta o Gênero. Que esse espaço-tempo se configure mais uma vez como porto no qual nos abastecemos e nos fortalecemos para seguir viagem juntos, juntas, juntes.
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