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As ilustrações do X Curta O Gênero foram elaboradas por Bianca Queiroz, a vencedora do concurso da ilustradora para o Curta O Gênero 2022.

Confira abaixo as ilustrações e o que a ilustradora Bianca Queiroz diz sobre cada uma delas:

Reza Forte 

A mulher sertaneja que reza é uma das criaturas mais poderosas politicamente e socialmente em uma comunidade.
Ela não só resolve doenças da carne, mas do coração e da alma.
Figura que perpassa tradições e o tempo.
O raminho de arruda em uma mão e um terço na outra, quando não tem ciência pra acudir o sertão, ela é o mais precioso recurso.

“Deus te remiu
Deus te criou
Deus te livre
De quem para ti mal olhou”

Vênus Latina

Palco atual dos protestos por aborto legal e seguro, a América Latina tem se destacado por lutas emergentes no movimento feminista.

A Vênus Latina representa a ocupação de espaço por mulheres e meninas, tirando o foco da feminilidade e assumindo o papel de protagonista das próprias lutas.

Matriarcas

O movimento de decolonizaçao é supremo nessa obra.
A América Latina foi construída sob o sangue e trabalho dos povos originários e dos que foram também sequestrados de suas raízes para servir a esse grande continente invadido e violentado.

Grupos minoritários ainda sofrem do preconceito colonizado e instituído, sendo, portanto, marginalizados.

A imagem das mulheres foi escolhida tanto pela referência ao quadro “As Duas Fridas” de Frida Kahlo quanto pelo fato de representarem a árdua e explorada força de trabalho que sustenta a base do capitalismo e do patriarcado.

Levar esses povos ao protagonismo é uma forma de transcender aos padrões coloniais, e não só aos padrões sociais, mas econômicos e culturais.

Maria Flor

Estar presente é uma das atribuições mais pertinentes a paternidade.

Num país onde mais de 5 milhões de brasileiros não possuem o nome do pai, é importante retratar a paternidade ativa e participativa.
Viver junto com a cria seu desenvolvimento cognitivo, afetivo e social é o que desejamos para a paternidade nos dias atuais."
O que essa ilustração transmite para você?."

Voz

Ocupar é um movimento difícil. Não é fácil se posicionar, ser assertivo e de fato ocupar um espaço crucial como a política, sendo de uma minoria.

Mas só se garante um futuro quando fazemos o movimento da ocupação.

Apesar das demandas por esse movimento terem consolidado cargos de pessoas pertencentes a grupos minoritários na política, ainda há contenção e silenciamento por partes de grupos opressores.

Se não podem frear o andar do povo, eles tentam suprimir a sua voz.

Foi uma ilustração bem difícil de conceber, porque eu queria muito mostrar a resistência a essa violência, a raiva, a desobediência.  Mas também queria que transmitisse uma mensagem de unidade.
Que esse ano a gente possa mostrar nossa voz soberana e plena diante de um governo assassino e omisso.

Manhã

Vinda de uma família grande, com muitos familiares convivendo na mesma casa, a manhã de domingo enche o coração da casa: a cozinha.

Acredito que não existe algo, pra mim, que ilustre mais a nutrição e o cuidado familiar do que a reunião na cozinha, pra beliscar, conversar, tomar um cafézinho.
Todo mundo junto.

Rua das Flores

Na rua da minha avó, no centro de Tabuleiro do Norte, tem uma calçada com casas que tem aquelas portas que abrem em cima e embaixo.

Eu acho lindo demais.

As pessoas sentam nas calçadinhas com cadeiras de balanço ou de plástico, levam a garrafa de café pra rua, pra conversar.

Essa rua aí também tem elementos da rua que eu moro desde que eu nasci, que já passou por tanta mudança estrutural, mas que ainda mantém a cultura de convivência comunitária, mesmo que hoje seja uma grande avenida.

É uma ilustração muito afetiva, porque eu mixei os elementos mais marcantes das duas ruas das casas da minha família e, por conta de o nome das minhas avós serem nomes de flor (Rosa e Daisy, “margarida” em inglês) ficou “Rua das Flores”.

Acredito que é uma imagem muito familiar, duas senhoras sentadas numa calçada no fim de tarde, conversando, com um animalzinho por perto. É como tornar um sentimento tangível.

A feira

Acredito que a feira é um cotidiano muito nosso, de estar na rua, comprar tudo fresco.

É uma das expressões mais queridas por mim da arte latina, as conexões comunitárias, principalmente essas que acabam por passar despercebidas no dia a dia. Foi uma arte também bastante desafiadora.